Vigilância Universal da Influenza
Os dados contidos neste informe são oriundos da vigilância universal de síndrome respiratória aguda grave (SRAG), que monitora os casos hospitalizados e óbitos com o objetivo de identificar o comportamento do vírus influenza, orientando os órgãos de saúde na tomada de decisão frente à ocorrência de casos graves de SRAG causados pelo vírus.
Os dados são coletados pelas Secretarias Municipais de Saúde por meio de formulários padronizados e inseridos no Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe: SIVEP Gripe. As amostras laboratoriais são coletadas e encaminhadas para a análise no Laboratório Central de Saúde Pública de Santa Catarina (LACEN/SC).
As informações apresentadas neste informe são referentes ao período que compreende as semanas epidemiológicas (SE) 01 a 21 de 2019, ou seja, casos com início de sintomas em 30/12/2018 até os registrados em 24/05/2019.
A síndrome respiratória aguda grave (SRAG) abrange casos de síndrome gripal que evoluem com comprometimento da função respiratória que, na maioria dos casos, leva à hospitalização, sem outra causa específica. As causas podem ser vírus respiratórios, dentre os quais predominam os da influenza do tipo A e B, ou bactérias, fungos e outros agentes.
Perfil epidemiológico
Vigilância universal de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) em Santa Catarina
De 30 de dezembro de 2018 a 24 de maio de 2019 (SE 21), foram notificados 501 casos suspeitos de SRAG em Santa Catarina. Destes, 66 (13,2%) foram confirmados para influenza, sendo 53 (80,3%) pelo vírus A (H1N1) pdm09, 11 (16,7%) pelo vírus A (H3N2), 1 (1,5%) aguardando subtipagem, e 1 (1,5%) pelo vírus Influenza B. Outros 261 (52,1%) casos de SRAG tiveram resultado negativo para influenza A e B (SRAG não especificada), 106 (21,2%) casos de SRAG foram ocasionados por outro vírus respiratórios e 68 (13,6%) casos se encontram em investigação, aguardando confirmação laboratorial, conforme a Tabela 1.
Tabela 1: Casos de SRAG segundo classificação final e agente etiológico. Santa Catarina, 2019.
Fonte: SINAN INFLUENZA WEB (Atualizado em: 24/05/2019). * Dados sujeitos a alterações.
Os municípios que apresentaram casos confirmados de SRAG pelo vírus influenza foram: Blumenau e Chapecó com 10 casos cada; Florianópolis com 7 casos; Joinville com 6 casos; Brusque, Itajaí e Jaraguá do Sul, com 3 casos cada; Balneário Camboriú, São José e Tubarão, com 2 casos cada; Armazém, Biguaçu, Braço do Norte, Camboriú, Criciúma, Flor do Sertão, Itaiópolis, Jacinto Machado, Lages, Maravilha, Navegantes, Palhoça, Penha, Pomerode, São Francisco do Sul, São João Batista, Tunápolis, com 1 caso cada; e 1 caso de paciente residente em São Paulo; como ilustra a Figura 1.
Figura 1: Casos confirmados de SRAG por influenza segundo município de residência. SC. 2019
Fonte: SINAN INFLUENZA WEB (Atualizado em: 24/05/2019). * Dados sujeitos a alterações.
Em relação à idade, os casos de SRAG confirmados por influenza acometeram indivíduos nas faixas etárias entre menor de 2 anos (4 casos); de 2 a 4 anos (2 casos); de 5 a 9 anos (5 casos); de 10 a 19 (4 casos); de 20 a 29 anos (3 casos); de 30 a 39 anos (7 casos); de 40 a 49 anos (8 casos); de 50 a 59 (13 casos) e acima de 60 anos (20 casos), como se pode ver na Tabela 2.
Tabela 2: Casos confirmados de SRAG por influenza segundo faixa etária (em anos) e subtipo viral. SC, 2019
Fonte: SINAN INFLUENZA WEB (Atualizado em: 24/05/2019). * Dados sujeitos a alterações.
Dos 66 casos de SRAG confirmados como influenza, 41 apresentaram algum fator de risco associado, dos quais 20 (48,8%) eram idosos (acima de 60 anos); 4 (9,8%) crianças menores de 2 anos; 5 (12,2%) obesos e 12 (29,3%) eram portadores de doenças crônicas como descreve a Tabela 3. Desses, 49 evoluíram para a cura, 5 foram a óbito e 12 estão aguardando evolução do caso. Dos pacientes que evoluíram para a cura, 30 fizeram uso do antiviral Oseltamivir(Tamiflu) em média, três dias após o início dos sintomas de síndrome gripal (febre, tosse ou dor de garganta e, pelo menos, mais um dos sintomas: mialgia, cefaleia ou artralgia).
Tabela 3: Casos confirmados de SRAG por influenza segundo fatores de risco. SC, 2019.
Fonte: SINAN INFLUENZA WEB (Atualizado em: 24/05/2019). * Dados sujeitos a alterações.
Perfil dos óbitos em Santa Catarina
Até o dia 24/05/2019, dos 501 casos notificados de SRAG, 42 evoluíram para óbito, 5 (11,9%) confirmado pelo vírus Influenza A (H1N1); 35 (83,3%) tiveram resultado negativo para os vírus influenza A e B, sendo classificados como SRAG não especificada, 1 (2,4%) SRAG por outros vírus respiratórios e 01 (2,4%) está em investigação, conforme a Tabela 4.
Tabela 4: Óbitos de SRAG segundo classificação final e agente etiológico. Santa Catarina, 2019.
Fonte: SINAN INFLUENZA WEB (Atualizado em: 24/05/2019). * Dados sujeitos a alterações.
Os óbitos confirmados por SRAG Influenza acometeram pacientes residentes em: Blumenau, Brusque, Jaraguá do Sul, São Francisco do Sul e Tubarão, com 1 caso cada.
Em relação à faixa etária, houve 1 caso em pessoa de 40 a 49 anos; 2 casos entre 50 a 59 anos e 2 casos em pessoas acima de 60 anos, de acordo com a Tabela 5.
Tabela 5: Óbitos confirmados de SRAG por influenza segundo faixa etária (em anos) e subtipo viral. SC, 2019.
Fonte: SINAN INFLUENZA WEB (Atualizado em: 24/05/2019). * Dados sujeitos a alterações.
Os 5 óbitos confirmados por SRAG por influenza apresentaram algum fator de risco para agravamento. Desses, 2 pacientes fizeram uso de Oseltamivir até 4 dias após o início dos sintomas, 1 fez uso somente após 7 dias do início dos sintomas e 2 não fizeram uso do medicamento.
Comparação de casos confirmados de SRAG pelo vírus influenza 2016-2019
O monitoramento dos casos de SRAG confirmados por influenza, por meio do SINAN Influenza Web,indica que, em 2016, houve um aumento no número de casos confirmados de SRAG por influenza a partir da SE 9 (28/2 a 5/3), com um pico na SE 14 (3 a 9/4), logo após, verifica-se uma queda no número de casos até a SE 21 (22 a 28/5). Em 2017, até a SE 52, os casos apresentados permaneceram dentro do esperado para o período. Em 2018, os casos seguiram a mesma tendência de 2017, e houve uma cocirculação de ambos os vírus Influenza tipo A, observa-se, ainda, a partir da SE 24 (10 a 16/06), um aumento de casos que decaem a partir da SE 29. Em 2019, até o momento a circulação do vírus está dentro do esperado para o período, com predomínio do vírus Influenza A (H1N1) pdm09.
Figura 2: Casos confirmados de SRAG por influenza segundo Semana Epidemiológica (SE) do início dos sintomas. SC, 2016-2019. *
Fonte: SINAN INFLUENZA WEB (Atualizado em: 24/05/2019). * Dados sujeitos a alterações.
Os meses de janeiro a abril sempre foram meses de baixa circulação do vírus influenza em Santa Catarina, tendo sido confirmados, nesse período, 8 casos em 2012, 21 casos em 2013, 7 casos em 2014 e 6 casos em 2015. Em 2016, nesse período, foram confirmados 404 casos de SRAG por influenza, uma ocorrência atípica para esse tipo de vírus. Os meses de maio a agosto são aqueles em que, historicamente, há maior circulação do vírus influenza, e a ocorrência de casos em 2016 acompanhou a tendência histórica. Em 2017, os números acompanham as tendências apresentadas até o ano de 2015 e, a partir do mês de agosto, registramos historicamente nova queda no número de casos pela diminuição da circulação do vírus. Em 2018, os números ficaram dentro do limite histórico esperado para o período, com um aumento concentrado a partir do mês de junho e a partir de agosto há a tendência de diminuição do número de casos. Em 2019 os casos estão dentro do esperado para o período, de acordo com a Tabela 6.
Tabela 6: Casos confirmados de SRAG por influenza de acordo com o mês de início dos sintomas. SC, 2012-2019.
Fonte: SINAN INFLUENZA WEB (Atualizado em: 24/05/2019). * Dados sujeitos a alterações.
Em relação aos tipos de vírus influenza predominantes em Santa Catarina, em 2012 houve o predomínio do vírus influenza A (H1N1) pdm09, com 722 casos e 75 óbitos. Em 2013, o vírus influenza A (H1N1) pdm09 também predominou, com 229 casos e 34 óbitos; no entanto, os casos de influenza A (H3N2) também foram significativos, apresentando 133 casos e 6 óbitos. Em 2014, ocorreu um predomínio na circulação do vírus influenza A (H3N2), com 146 casos e 9 óbitos. Em 2015, ocorreu uma baixa circulação de ambos os vírus. Em 2016, houve o predomínio do vírus influenza A (H1N1) pdm09, com 722 casos e 114 óbitos. Em 2017, o vírus que circulou foi o A (H3N2). Em 2018, os vírus que circularam foram os da Influenza A (H3N2), Influenza A (H1N1) pdm09 e Influenza B. Em 2019 até o momento estão circulando são influenza A H1N1 e H3N2, como se pode ver na Tabela 7.
Tabela 7: Casos confirmados de SRAG por influenza segundo classificação final. SC, 2012-2019. *
Fonte: SINAN INFLUENZA WEB (Atualizado em: 24/05/2019). * Dados sujeitos a alterações.
Vigilância sentinela da influenza
A vigilância da influenza, no Brasil, é composta pela sentinela de síndrome gripal (SG), de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) em pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e pela vigilância universal de SRAG.
A vigilância sentinela conta com uma rede de unidades distribuídas em todas as regiões geográficas do país e tem como objetivo principal identificar os vírus circulantes, além de permitir o monitoramento da demanda de atendimento por essa doença. Os dados são coletados por meio de formulários padronizados e inseridos no sistema de informação online SIVEP-GRIPE. Atualmente, estão ativas 252 Unidades Sentinelas, sendo 140 de SG, 112 de SRAG em UTI e 17 sentinelas mistas de ambos os tipos. Em Santa Catarina, temos 7 Unidades Sentinelas em três municípios:
- Joinville: 2 Unidades Sentinelas de SRAG (Hospital Regional Hans Dieter Schmidt e Hospital Jeser Amarante Faria) e 1 unidade de SG (UPA 24h. Aventureiro);
- Florianópolis: 2 Unidades Sentinelas de SRAG (Hospital Nereu Ramos e Hospital Infantil Joana de Gusmão) e 1 de SG (UPA Sul da Ilha);
- São José: 1 Unidade de SG no Hospital Regional Homero de Miranda Gomes.
Considerações Finais
Em 2019, até o momento, os registros de casos de Influenza estão dentro do esperado para o período. Pelos dados notificados, verifica-se a circulação predominante do vírus influenza A (H1N1)pdm 09 e em menor número o vírus influenza A H3N2.
O perfil de casos mostra a importância de a população procurar o serviço de saúde mais próximo da residência aos primeiros sinais e sintomas de gripe para o tratamento adequado, em especial os portadores de fatores de risco para agravamento e óbito (idosos, crianças, doentes crônicos etc.), pois estes têm maior probabilidade de apresentar complicações quando infectados pelo vírus Influenza.
Apesar de o vírus influenza intensificar-se no período de maio a agosto (inverno), ele circula todos os meses do ano, portanto, devem ser reforçadas as medidas de prevenção, principalmente lavar as mãos com frequência e evitar ambientes fechados e com aglomeração de pessoas. Também é necessário manter superfícies e objetos que entram em contato frequente com as mãos, como mesas, teclados, maçanetas e corrimãos, limpos com álcool, e não compartilhar objetos de uso pessoal, como copos e talheres.
Os serviços de saúde devem estar sempre preparados para promover o atendimento adequado aos casos de Síndrome Gripal, reforçando as medidas de manejo clínico dos casos. O uso do antiviral (Oseltamivir) está indicado para todos os casos de síndrome gripal com condições e fatores de risco para complicações e de síndrome respiratória aguda grave, independentemente da situação vacinal ou da confirmação laboratorial. Nos pacientes com síndrome gripal sem condições e fatores de risco para complicações, a indicação do antiviral deve ser baseada em julgamento clínico, recomenda-se o tratamento ser iniciado nas primeiras 48 horas após o início da doença.
A terapêutica precoce reduz tanto os sintomas quanto a ocorrência de complicações da infecção pelos vírus da influenza, tanto em pacientes com condições e fatores de risco para complicações bem como naqueles com síndrome respiratória aguda grave. O antiviral apresenta benefícios mesmo se administrado após 48 horas do início dos sintomas.
A gripe causada pelo vírus influenza é uma doença grave que causa danos à saúde das pessoas há muitos séculos. É transmitida a partir das secreções respiratórias, podendo também sobreviver de minutos a horas no ambiente, sobretudo em superfícies tocadas frequentemente. A partir do contato com um doente ou superfície contaminada, o vírus pode penetrar pelas vias respiratórias, causando lesão que pode ser grave e até fatal, se não tratada a tempo.
A 21ª Campanha Nacional de Vacinação contra Influenza em Santa Catarina está sendo realizada entre os dias 10 de abril a 31 de maio, sendo que o dia 4 de maio foi o dia D de mobilização nacional. Salienta-se a importância da vacinação para prevenir o agravamento dos casos e a não disseminação para a população de risco.
O público-alvo da campanha em 2019 compreende: crianças entre 6 meses e 6 anos; gestantes; puérperas – até 45 dias após o parto; indivíduos com 60 anos ou mais; trabalhadores da saúde; professores do ensino infantil, fundamental e médio de escolas públicas e privadas e do ensino superior público e privado; povos indígenas; grupos portadores de doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais; adolescentes e jovens de 12 a 21 anos sob medidas socioeducativas; população privada de liberdade; funcionários do sistema prisional; e policiais civis, militares, bombeiros e forças armadas da ativa.
OUTRAS INFORMAÇÕES
- Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive) – Vigilância de gripe em Santa Catarina: http://www.gripe.sc.gov.br
- Protocolo de tratamento de influenza, 2017: http:// www.gripe.sc.gov.br/include/documentos/ProtocoloTratamentoInfluenza.pdf
- Síndrome gripal/SRAG – Classificação de risco e manejo do paciente: http://www.gripe.sc.gov.br/include/documentos/fluxograma_gripe_novo.pdf